quinta-feira, 27 de novembro de 2008

A prima dona


Ah, o teatro. Já fazia um bom tempo que não assistia a uma peça de teatro. Estar sentado ali, pela primeira vez, no Qorpo Santo, da UFRGS, foi deveras gratificante. Assistir a um belo espetáculo então, nem se fala.

A peça era um monólogo, encenado pela minha colega de agexCOM, Letícia Chiochetta. O título, imenso: Grande Recital Operístico e Conversações Intrusivas sobre a Vida e a Arte dos Artistas. A apresentação é um texto adaptado do dramaturgo Alcione Araújo, “A prima dona”. Vale a pena conferir!

O monólogo tem três histórias que se entrelaçam, narradas por Diva, uma artista frustrada, apaixonada por uma cantora lírica. As quebras de cenas dão ritmo à peça, tornando-a agradável, como poucas já vi. Evito maiores comentários sobre a encenação em si.

O que mais me fascinou ao assistir a peça foi, sem dúvida, a desenvoltura da Letícia. Confesso que fiquei extremamente surpreendido. Fazia muito tempo que não me impressionava tanto com algo.

Foi diferente ver no palco, uma pessoa que convivo diariamente, mas que nunca pensei que pudesse contracenar desta forma. É uma atriz pronta, com certeza. Terá um grande futuro pela frente. A sua presença de palco e desenvoltura, sem falar nas expressões faciais, o libido, os personagens simultâneos.

Mas se engana quem pensa que assisti a um espetáculo qualquer. É deveras uma raridade. Muito se fala no mundo da cultura sobre os artistas de teatro. Na sua grande maioria, os atores são especialistas em um determinado conceito. Raríssimas são as exceções onde o ator canta, dança e interpreta. O mais comum é encontrarmos atores que interpretam e dançam.

Não é o caso da Letícia. Penso que ela faz parte de um seleto grupo. Leia-se aí Miguel Falabela e Cláudia Raia. Estes sim, os a meu ver, mais completos artistas da atualidade. E veja, para minha surpresa, minha colega de estágio faz parte desta grife. Impressionante!

Para finalizar, lembro que o canto apresentado por ela foi o canto lírico. Considerado por muitos, o mais difícil de interpretar. E, pelo pouco que conheço, agravados pelas trocas de tons onde, no monólogo a Letícia canta em classes diferentes.

Sem dúvida há um dado interessante na apresentação: o gosto pelo que se faz. É incrível a entrega dela aos personagens. Mostra de que tudo aquilo que se faz com amor, é melhor. Enquanto assistia, pensava nas conversas onde ela sempre declarou sua paixão pelo teatro. Nunca pensei que fosse de tal forma recíproca enquanto encenava. Impressionante!

Um comentário:

Carla P.S. disse...

A arte...
Quer coisa melhor pra instigar bons fluídos?! Realmente, amar o que se faz é o que há de mais lindo na Terra.. Com certeza...
Grande beijo, forte abraço!