sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Novos tempos

Já está no ar a minha opinião desta semana no Portal3. Confira:

Novos tempos

O jornalismo como vemos hoje é resultado de uma evolução que iniciou há muito tempo, com a invenção dos tipos móveis de Gutenberg. A impressão da Bíblia em 42 linhas, em 1456, foi o pontapé inicial deste processo. A partir daí, as idéias passaram a ser difundidas em grande escala. Nos séculos que se seguiram, os textos em papel foram ganhando forma e contexto. No Brasil o Correio Brasiliense, fundado em 1808, foi o primeiro periódico produzido.

É fácil compreender a importância do jornal impresso para o jornalismo. Ele está presente em todos os momentos históricos da era moderna. Mas o surgimento de outros meios de comunicação há tempos ameaça seu reinado.

O rádio foi o primeiro a pleitear o cargo. Surgiu com uma grande vantagem: podia-se ouvir o que as pessoas diziam. Mas ele, o jornal, resistiu, apesar da forte concorrência.

Mas o pior ainda estava por vir: a televisão viria para acabar de vez com o reinado do jornal impresso. Dotada de possibilidades nunca obtidas antes, como movimento, imagem e fala, a era da televisão era vista como o inicio do fim do jornal.

Mas eis que ele seguiu lá, firme. Ao invés de diminuir, como o previsto, cresceu. É cada vez maior o número de jornais em todo o mundo. Na década de 1990, a Internet veio por corroborar com o jornal, possibilitando uma velocidade de apuração nunca antes obtida.

Com a fixação do meio digital, a criação de websites cada vez mais instantâneos, o jornal impresso novamente está em xeque. Será o inicio de seu fim?

A Plastic Logic mostrou, recentemente, um protótipo do jornal do futuro. Tem cara e jeito de jornal impresso, mas páginas digitais. Para folhear, será necessário apertar no sensor, similar ao movimento que fazemos para trocar de página. A grande vantagem seria a inserção de notícias quase que simultâneas. O jornal nunca ficaria “velho”. O grande problema, porém, ainda resiste em fazer um jornal que seja “dobrável”, para que possamos guardar como fazemos com o jornal impresso.

Claro que esta novidade ainda levará alguns bons anos até que esteja disponível em larga escala, para o usuário comum. Mas já é possível imaginar. E usando da pouca criatividade que tenho, não sei se me adaptaria a novidade. Pode ser que eu esteja ficando velho. Mas falando sério, quer coisa melhor que levantar às 11 horas da manhã de um domingo, pegar o jornal impresso, deitar na rede e ler as notícias da cidade ou o texto de seu colunista favorito, escrito ontem?

Na mesma velocidade que o processo de comunicação caminha para a multipluralização, com milhares de possibilidades, o jornal impresso pode estar perdendo seu espaço. Mas sempre vai ter seu lugar cativo na sala, no café da manhã, no escritório ou no trem.

Creio que mesmo com toda esta evolução, o jornal impresso não vai perder sua graça. Vai passar a ser mais segmentado, é verdade. Mas nunca perdendo a classe. Uma vez rei, sempre rei.

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