Novos olhares é o resultado de uma série de entrevistas veiculadas no programa Fantástico, da rede Globo, em 2007. O livro, escrito por Zeca Camargo, conta os bastidores das entrevistas, bem como as conversas mantidas com cada um dos entrevistados. É uma viagem pelo mundo digital, pela memória, imaginação, arquitetura, educação, direitos civis, minorias, religião, felicidade, sexo, meio ambiente, física, consumo e multiculturalismo.
Em vida digital, Zeca Camargo conversa com o semiologista Steven Berlin Johnson sobre os efeitos do videogame no comportamento das pessoas. A entrevista buscou mostrar que os games não são aquele vilão que todos pensam. Na conversa Johnson explicou diversos fatores que vem em contrapartida ao que se pensa sobre os jogos. Um dos dados levantados é que as crianças se tornam mais inteligentes. Ao mesmo tempo, as pesquisas só buscam avaliar a violência dos jogos, se concentrando no comportamento violento que elas podem gerar. Johnson lembra que quando jogamos, pensamos nas regras, no espaço do sistema e em todas estas variáveis se interligando. E isto, segundo ele, é uma variável complicada de pensamento. Uma dieta balanceada seria a solução: videogame, livros, lazer.
A memória e a imaginação sempre foram alvo de diversos estudos. A busca pela felicidade então, é repleta de teoremas. Mas existe uma fórmula mágica para a felicidade? Nesta entrevista, Zeca Camargo conversa com o professor de psicologia na Harvard University, Daniel Gilbert. O professor explica sobre as diversas vezes em que “tropeçamos na felicidade”. Segundo ele, cometemos um erro em busca da felicidade por dois motivos principais: a imaginação e termos ideias muito erradas sobre a felicidade. Para ele, a imaginação é como um amigo não muito confiável, que comete erros, como a nossa memória: lembramos de algo e nos enganamos. Um destes enganos é acreditarmos que os eventos futuros terão um impacto mais forte do que na realidade eles terão. Mas nem tudo está perdido. Gilbert conta ao longo da entrevista caminhos que podemos buscar para contornar estas questões.
A arquitetura faz parte da historia da humanidade. Palácios e monumentos históricos transcendem os tempos. As pirâmides do Egito, a esfinge de Gizé, o museu do Louvre. Todas obras arquitetônicas grandiosas. Mas que tal sair deste caminho ostentoso e nos voltarmos à realidade cotidiana da favela carioca? Em arquitetura, Zeca Camargo desbrava este lado esquecido pela maioria. Conversa com Alain de Botton. Em pauta, a arquitetura vista pelo lado da satisfação: o aconchego das cidades, as ruas e as casas onde moramos. Dentre muitos conceitos levantados, Botton fala que toda arquitetura precisa ser local, mas não necessariamente exótica. Precisam ser simples.
Em educação dos filhos, a busca é traçar um parâmetro sobre o que é a personalidade. Qual a influencia dos pais na formação? Qual a influencia dos genes? Até onde o relacionamento com os amigos, professores e familiares influencia no caráter e nos gostos? E se essa observação fosse feita em gêmeos? Como seria abordada? Quais as características predominantes e diferentes? Tudo isto, Zeca Camargo busca responder neste capítulo. Em conversa com a psiquiatra Norma Escosteguy, são mostradas as características básicas, bem como levantadas as discussões sobre o que a criança traz do nascimento e o que ela aprende com o meio em que vive. E a base deste parâmetro são os gêmeos. Como eles se desenvolvem neste ambiente, com características diferentes.
O Brasil é considerado um dos países mais tolerantes do mundo no quesito preconceito. Muito disto se deve ao fato de termos uma população formada por uma mistura de etnias. Este nicho cultural é que talvez tenha colocado o país neste patamar sem muitos preconceitos. Contudo, não é correto afirmar que eles não existem. Em minorias e direitos civis, Zeca Camargo busca mostrar outra realidade brasileira: o preconceito leve. Neste ponto, o professor Kenji Yoshino conta um pouco sobre as tribos: o não ser algo demais. Neste mundo contemporâneo, as pessoas usam um disfarce para mostrar quem realmente são. E é por este caminho que a conversa segue, com discriminações sexuais, de raça e status social.
A espiritualidade é algo que mexe com a crença das pessoas. Mais do que entender religião, é preciso saber definir uma religião. Num país como o Brasil, formado pela sua maioria de católicos, o budismo ainda parece ser algo distante. Em religião, Zeca Camargo busca entender mais sobre esta arte milenar. Pankaj Mishra explica que o budismo não é uma religião, com regras que você tem que seguir e aceitar, mas sim, uma filosofia de vida, baseada em ideias. No diálogo, ele conta que você pode ter pensamentos budistas sem abandonar sua religião e explica sobre em detalhes sobre esta arte milenar.
Novos olhares é um livro imperdível. É uma oportunidade única para conferir as opiniões de diversos especialistas em áreas importantes para o nosso sistema de vida. Mostra como uma sociedade baseada no igual é tão diferente. E neste ponto, novos olhares encara temas conhecidos e batidos sob um ângulo pouco discutido.
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