sábado, 27 de junho de 2009

Collorgate: a ruptura da mídia com Collor

A imprensa desempenhou um papel fundamental na crise que culminou na renúncia de Fernando Collor de Melo, em 1992. A ruptura no padrão complacente ficou assim conhecida porque a mídia rompeu com a cumplicidade ao presidente, que perdurava desde a criação do mito “Collor, o caçador de marajás”, que levou Collor ao poder 30 meses antes.

Collorgate foi o nome pelo qual ficou conhecida a campanha devastadora que levou Collor ao impeachment, em setembro de 1992, por 441 votos a favor e 38 contra. Os ataques partiam principalmente das revistas Veja e IstoÉ, que se revezavam nos escândalos e denúncias de corrupção e as tentativas de Collor encobrir os rastros. A rede Globo, que foi decisiva na criação do mito “o caçador de marajás”, só entrou na campanha no último momento, quando a derrota de Collor já era eminente no Congresso.

As teorias que melhor explicam o Collorgate abordam o fato de Collor ter se elegido acusando seu oponente de planejar o confisco das poupanças populares. E na verdade era ele quem planejava tal confisco, o que realizou depois de eleito. O ato desencadeou uma série de fatores que culminou com inflação, perdas imensas e uma onda de corrupção.

O estopim para a queda de Collor foi a entrevista concedida por Pedro Collor a Luiz Costa Pinto, de Veja, em junho de 1992. Nela, o irmão do presidente revela com detalhes o esquema de corrupção arquitetado por PC Farias, muito acima das usuais taxas de corrupção da administração pública brasileira.

É somente após outra entrevista, desta vez concedida pelo motorista de Collor, Francisco Eriberto França, que a Rede Globo rompe com o presidente. A esta altura, a CPI já era uma realidade e o impeachment uma certeza. Neste momento, os estudantes, ausentes da política brasileira desde as Diretas Já, voltam às ruas e exigem a renúncia de Collor.

Foi a partir daí que a imprensa descobriu que a lealdade com seu público, e não com o palácio do governo, poderia ser comercialmente vantajosa e moralmente gratificante. A competitividade entre as revistas não foi o fator determinante na ruptura do padrão complacente da mídia, mas ajuda a entender as condições do processo.

domingo, 21 de junho de 2009

Em busca de aventura

Desbravar o mundo é o sonho de muitos jovens. Seja ir à praia no final de semana ou passar um verão na Europa. Os mochileiros de plantão sempre estão dispostos a sair de casa com somente uma ideia na cabeça: aventura. Mas nem tudo são flores na busca pela tão sonhada viagem. É preciso planejar com cuidado para não acabar frustrado ou em apuros.

A jornalista e estudante de Geografia Fernanda Kist Pugliero, 22 anos, está há quatro meses em Portugal. Viu num edital de vaga na Universidade de Porto a oportunidade para unir duas paixões: estudar e viajar. Fernanda sonha em conhecer a Europa desde os 12 anos. Para ela, foi a oportunidade perfeita no momento oportuno. Mesmo assim lembra que é preciso se preparar bem antes de embarcar. Para Fernanda é preciso conhecer sobre o lugar que deseja ir e a sua cultura. “É triste ver brasileiro que não fala inglês e não tem noções de cultura geral e história. A vida de intercambista corre numa velocidade maior do que a vida real. É um turbilhão de informações para absorver e é preciso fazer isso rapidamente. Por isso, estude antes de sair da bolha”.

Os especialistas no assunto costumam estimar em seis meses o tempo ideal para se preparar para uma viagem ao exterior. Neste período, os aventureiros devem fazer uma pesquisa de preços. Alemão, espanhol, francês, italiano, inglês ou mandarim. Seja qual for a língua escolhida, os cursos em cidades menores podem facilitar o aprendizado e o bolso. Optar por acomodações próximas aos metrôs ou aos estabelecimentos de ensino ajuda a reduzir custos. Para estudantes, há opções de albergues, ca6mpus universitário, casas de família ou residências estudantis. O passaporte é outro tema importante, devendo ser visto com antecedência para evitar imprevistos de última hora.

Passagem comprada. Viagem marcada e planejada, agora é aventurar-se pelo mundo. Uma vez em solo desconhecido, todo aventureiro deve estar preparado para os imprevistos. Nunca se sabe quando alguma coisa pode acontecer. A estudante de Medicina Carla Papandreus da Silveira, 22 anos, passou uma semana em Nova Iorque. A tão sonhada aventura tomou ares de tragédia no princípio. “Minha bagagem foi extraviada no aeroporto. Até encontrá-la fiquei apenas com a roupa do corpo. Tive que comprar roupas novas. Mas felizmente conseguiram encontrar minha mala.”

Mesmo com os contratempos iniciais, Carla conseguiu fazer um belo roteiro pela cidade. “Conheci a Empire State Building, passeei no navio que perpassa a Estátua da Liberdade, fui num musical do Fantasma da Ópera e conheci o Central Park. Com certeza uma viagem maravilhosa.”

Sob outro ângulo

Novos olhares é o resultado de uma série de entrevistas veiculadas no programa Fantástico, da rede Globo, em 2007. O livro, escrito por Zeca Camargo, conta os bastidores das entrevistas, bem como as conversas mantidas com cada um dos entrevistados. É uma viagem pelo mundo digital, pela memória, imaginação, arquitetura, educação, direitos civis, minorias, religião, felicidade, sexo, meio ambiente, física, consumo e multiculturalismo.

Em vida digital, Zeca Camargo conversa com o semiologista Steven Berlin Johnson sobre os efeitos do videogame no comportamento das pessoas. A entrevista buscou mostrar que os games não são aquele vilão que todos pensam. Na conversa Johnson explicou diversos fatores que vem em contrapartida ao que se pensa sobre os jogos. Um dos dados levantados é que as crianças se tornam mais inteligentes. Ao mesmo tempo, as pesquisas só buscam avaliar a violência dos jogos, se concentrando no comportamento violento que elas podem gerar. Johnson lembra que quando jogamos, pensamos nas regras, no espaço do sistema e em todas estas variáveis se interligando. E isto, segundo ele, é uma variável complicada de pensamento. Uma dieta balanceada seria a solução: videogame, livros, lazer.

A memória e a imaginação sempre foram alvo de diversos estudos. A busca pela felicidade então, é repleta de teoremas. Mas existe uma fórmula mágica para a felicidade? Nesta entrevista, Zeca Camargo conversa com o professor de psicologia na Harvard University, Daniel Gilbert. O professor explica sobre as diversas vezes em que “tropeçamos na felicidade”. Segundo ele, cometemos um erro em busca da felicidade por dois motivos principais: a imaginação e termos ideias muito erradas sobre a felicidade. Para ele, a imaginação é como um amigo não muito confiável, que comete erros, como a nossa memória: lembramos de algo e nos enganamos. Um destes enganos é acreditarmos que os eventos futuros terão um impacto mais forte do que na realidade eles terão. Mas nem tudo está perdido. Gilbert conta ao longo da entrevista caminhos que podemos buscar para contornar estas questões.

A arquitetura faz parte da historia da humanidade. Palácios e monumentos históricos transcendem os tempos. As pirâmides do Egito, a esfinge de Gizé, o museu do Louvre. Todas obras arquitetônicas grandiosas. Mas que tal sair deste caminho ostentoso e nos voltarmos à realidade cotidiana da favela carioca? Em arquitetura, Zeca Camargo desbrava este lado esquecido pela maioria. Conversa com Alain de Botton. Em pauta, a arquitetura vista pelo lado da satisfação: o aconchego das cidades, as ruas e as casas onde moramos. Dentre muitos conceitos levantados, Botton fala que toda arquitetura precisa ser local, mas não necessariamente exótica. Precisam ser simples.

Em educação dos filhos, a busca é traçar um parâmetro sobre o que é a personalidade. Qual a influencia dos pais na formação? Qual a influencia dos genes? Até onde o relacionamento com os amigos, professores e familiares influencia no caráter e nos gostos? E se essa observação fosse feita em gêmeos? Como seria abordada? Quais as características predominantes e diferentes? Tudo isto, Zeca Camargo busca responder neste capítulo. Em conversa com a psiquiatra Norma Escosteguy, são mostradas as características básicas, bem como levantadas as discussões sobre o que a criança traz do nascimento e o que ela aprende com o meio em que vive. E a base deste parâmetro são os gêmeos. Como eles se desenvolvem neste ambiente, com características diferentes.

O Brasil é considerado um dos países mais tolerantes do mundo no quesito preconceito. Muito disto se deve ao fato de termos uma população formada por uma mistura de etnias. Este nicho cultural é que talvez tenha colocado o país neste patamar sem muitos preconceitos. Contudo, não é correto afirmar que eles não existem. Em minorias e direitos civis, Zeca Camargo busca mostrar outra realidade brasileira: o preconceito leve. Neste ponto, o professor Kenji Yoshino conta um pouco sobre as tribos: o não ser algo demais. Neste mundo contemporâneo, as pessoas usam um disfarce para mostrar quem realmente são. E é por este caminho que a conversa segue, com discriminações sexuais, de raça e status social.

A espiritualidade é algo que mexe com a crença das pessoas. Mais do que entender religião, é preciso saber definir uma religião. Num país como o Brasil, formado pela sua maioria de católicos, o budismo ainda parece ser algo distante. Em religião, Zeca Camargo busca entender mais sobre esta arte milenar. Pankaj Mishra explica que o budismo não é uma religião, com regras que você tem que seguir e aceitar, mas sim, uma filosofia de vida, baseada em ideias. No diálogo, ele conta que você pode ter pensamentos budistas sem abandonar sua religião e explica sobre em detalhes sobre esta arte milenar.

Novos olhares é um livro imperdível. É uma oportunidade única para conferir as opiniões de diversos especialistas em áreas importantes para o nosso sistema de vida. Mostra como uma sociedade baseada no igual é tão diferente. E neste ponto, novos olhares encara temas conhecidos e batidos sob um ângulo pouco discutido.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Carlos Minc vem ao RS discutir Código Florestal

O deputado estadual Nelson Marchezan Júnior está acompanhando a polêmica sobre o Código Florestal, especialmente os pontos que dizem respeito às reservas legais e às áreas de preservação permanente (APPs), que atingem diretamente a produção rural do Rio Grande do Sul. Por essa razão, Marchezan Júnior propõe que o debate tenha a contribuição e o esclarecimento do ministro do Meio Ambiente Carlos Minc.

O deputado esteve no Ministério do Meio Ambiente para tratar da vinda do Ministro ao Estado para participar de audiência pública sobre o Código Florestal. Para Marchezan, é de fundamental importância que o ministro conheça as peculiaridades e as culturas das diferentes regiões do Rio Grande do Sul, bem como a posição das entidades representativas do setor produtivo sobre as mudanças na legislação ambiental.

A participação do ministro ainda vai contribuir para esclarecer as diversas propostas de reforma do Código Florestal e os efeitos que a implantação das reservas legais e as APPs podem ter para o Rio Grande do Sul, um Estado voltado para a produção primária.
Segundo Marchezan Júnior, a audiência pública deve dar subsídios para que os gaúchos, especialmente os produtores rurais e as entidades representativas do setor, aproveitem a presença do Ministro, para compreender as alterações de propostas de mudanças ao código, como a utilização das APP´s como área de Reserva Legal e as áreas chamadas consolidadas, etc.

A audiência pública acontece na próxima quinta-feira, dia 25 de junho, às 14 horas, no Teatro Dante Barone da Assembléia Legislativa.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Para longe com os dólares


Que brasileiro é apaixonado por futebol todo mundo sabe. Agora, quem imagina o que se passa na cabeça de um torcedor durante o Campeonato Brasileiro? Antigamente, o certame passava despercebido até a reta final. A primeira fase não atraía tanta atenção quanto os jogos em mata-mata, pois era ali que o campeonato se decidia. Grande contra pequeno. Craques contra pernas-de-pau. Tudo era decidido em 180 minutos. O resto não importava.

Em 2003 essa simbiose começou a mudar. Era o início da era dos pontos corridos. Uns profetizaram que seria o fim do Campeonato Brasileiro. Outros, que o torcedor não iria mais aos estádios, pois teríamos um nacional sem graça caso alguma equipe disparasse. As apostas eram de que seria um campeonato desigual e sem prestígio. Mas para a alegria dos torcedores e desgraça dos corneteiros, não foi isto que aconteceu. O Brasileiro a cada ano aumenta seu prestígio. Os estádios lotam a cada rodada. Todo jogo é disputado como se fosse uma final. Os pontos perdidos na primeira rodada podem fazer falta no final. Para se ter uma idéia deste sucesso, a melhor média de público em 2002, foi do Paysandu, com 23.242 torcedores. Em 2008, o Flamengo terminou o campeonato com média de 40.694, um recorde se comparar com os números anteriores.

Então, se o Campeonato Brasileiro por pontos corridos é sucesso, o que é que pode atormentar os pensamentos dos dirigentes e torcedores? Neste novo formato, com o Brasileirão sendo disputado durante nove meses, as vendas dos jogadores durante a competição são o martírio dos clubes. A cada janela de agosto, uma onda de empresários invade o Brasil com milhares de dólares a fim de levar nossos talentos para o exterior. Cada craque que deixa o país é como um tiro no peito do torcedor, que vê as chances de seu time ganhar o campeonato ir pelo ralo com o desmanche da equipe.

Torcedor que é torcedor tem aversão à janela de agosto. Sempre que este mês se aproxima no calendário futebolístico, o apaixonado por futebol sente que seu time, até então na ponta da tabela, pode despencar. Qualidade virou símbolo de desmanche. Das equipes com chances reais de disputar o título do Brasileiro deste ano, todas podem ser desmanteladas em agosto. O Internacional pode perder de três a quatro jogadores (Nilmar, D’Alessandro, Guiñazú e Taison), o Cruzeiro três (Kleber, Ramirez e Wellington Paulista). O Palmeiras também três (Diego Souza, Cleiton Xavier e Keirrison). Com as possíveis vendas destes jogadores não tem como o torcedor não ficar preocupado. Um campeonato que estava fácil de ser conquistado, pode se tornar muito mais árduo depois de agosto. Então, pra longe com os dólares e petrodólares, pois brasileiro gosta de espetáculo e quer ver futebol de qualidade nos gramados do país.

sábado, 6 de junho de 2009

O tiro de Babel

Um tiro. Assim podemos começar a resumir Babel. A adaptação cinematográfica do diretor mexicano Alejandro González Iñárritu consegue, com maestria, unir quatro histórias numa série de eventos desencadeados por um único tiro. Tudo começa com a compra de um rifle por Abdullah no Marrocos. A arma era para ser usada para caçar cabras por seus filhos. Ao invés disso, Yussef e Ahmed resolvem testar o alcance do rifle. Do alto da montanha vêem um ônibus. E o usam como mira. O tiro acerta em cheio o pescoço da americana Susan Jones, que está com seu marido Richard em uma viagem de férias.

Do outro lado do mundo, na América, Amelia, a babá mexicana dos filhos de Richard, precisa ir ao casamento de seu filho. Mas o acidente surge como um empecilho. Ele liga do Marrocos e conta que sua esposa havia levado um tiro. Ela teria de cuidar das crianças até que ele voltasse. Amelia não deveria ir ao casamento de seu filho no México. Mas Amelia precisava ir. Para isso, levou as duas crianças para o casório.

Enquanto isso, no Japão, Yasujiro é um poderoso empresário que perdeu a esposa em um suicídio ocorrido recentemente. Tem uma filha surda-muda, Cheiko, que vive a ânsia de uma jovem adolescente que se sente rejeitada por nunca ter transado. É dele a arma usada pelos garotos marroquinos.

É em meio a estas quatro histórias distintas que Iñárritu cria uma trama em função de um tiro aparentemente aleatório, mas que muda a vida destas quatro famílias. Em Babel, há de tudo, desde a paranóia antiterrorista até a desesperada luta dos imigrantes ilegais nos Estados Unidos, que buscam uma vida melhor.

Analisando a filmagem, a decupagem de direção é ótima. Iñárritu consegue dar harmonia ao filme. As cenas, que ocorrem em tempos diferentes, são organizadas de tal forma e precisão que, o espectador não se perde na sua atemporalidade. Ao contrário, é possível lembrar-se da cena que ocorreu no início do filme para Amelia. Mas que, para Richard, acontece no final. Outro ponto interessante é a utilização dos planos. Em diversas cenas, como na do tiro ou na fuga da fronteira mexicana, os planos abertos, com trocas constantes para os planos fechados dão um tom de dramaticidade.

Babel é um filme com unidade. Apesar de serem quatro histórias distintas, com cultura e língua diferentes, é possível notar que as coisas combinam. A poeira do México. A pobreza do Marrocos. A vida rica na América. Tudo isso é um contraste difícil de quantificar numa filmagem. O fazer de forma orquestrada então, nem se fala. E foi isso que Iñárritu conseguiu: unidade. Babel é um filme que se encaixa. Desde a primeira cena, até o desfecho feliz, tudo ocorre de forma harmoniosa cinematograficamente.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Pregão eletrônico passa a ser obrigatório no Estado

A Assembleia Legislativa aprovou, na terça-feira, dia 2, projeto de lei do deputado Nelson Marchezan Júnior (PSDB) que torna obrigatória a utilização do pregão eletrônico nos processos de compra de bens e serviços da administração pública estadual. O pregão eletrônico nada mais é do que um leilão inverso, onde quem vence a concorrência é aquele que oferece o menor preço pela prestação de um serviço ou venda de um produto.

O governo federal foi o precursor do uso do pregão eletrônico, que hoje é obrigatório em todas as esferas. Estima-se que, somente em 2008, a administração federal tenha economizado em torno de R$ 3,6 bilhões. No Rio Grande do Sul, a modalidade já era utilizada em alguns setores, proporcionando uma redução de despesas para o Estado de 45,3% no ano passado.

Segundo Marchezan Júnior, além de economia para os cofres públicos, o pregão eletrônico traz agilidade e transparência aos processos de aquisição de bens e serviços comuns na administração pública, uma vez que os nomes dos produtos e dos fornecedores estão disponíveis na internet e as operações podem ser conferidas por qualquer cidadão.

"É inegável que o pregão eletrônico é um avanço no serviço público, pois racionaliza os procedimentos de compras e de contratações, viabiliza o controle externo, inibe atos de corrupção, reduz custos operacionais e contribui para uma cultura de gestão com qualidade, racionalidade e controle", afirma.