Frost/Nixon teve duas vertentes. De um lado, o orador Richard Nixon, acostumado com a manipulação das entrevistas. De outro Frost, pouco habituado aos malabarismos políticos, mas um exímio apresentador. Com certeza, um encontro de gigantes da mídia e da política. Nos primeiros dias, Nixon não deu chance para Frost. Desvirtuou todas as perguntas com uma longa resposta. Frost percebia isto. Aos poucos o apresentador foi tentando ganhar terreno, mas Nixon habilmente o contrapunha. Foi somente aos 47 do segundo tempo que Frost conseguiu vencer Nixon e o fez confessar diante das câmeras toda a podridão do polêmico caso Watergate.
De saldo, fica o exemplo para todo o jornalista sobre a forma obstinada com que Frost, vendo a queda eminente, se enfiou de cabeça no assunto. O curioso é que foi somente após um telefonema de Nixon, altas horas da noite, que ele percebeu quem era seu adversário. Era David contra Golias. Frost tinha de estar preparado. E foi o que ele fez. Analisou cada centímetro de matéria, minuto de áudio. Revirou e encontrou detalhes que estavam à disposição de todos, mas que ninguém havia percebido. Foi neste momento que Frost virou o jogo que culminou na imagem que o mundo inteiro viu: a face funesta de Nixon, rememorando seus fantasmas interiores.