sexta-feira, 9 de maio de 2008

É preciso parecer honesto


Duas semanas após ter sido flagrado “tomando um chopinho” com o empresário Lair Ferst, um dos principais envolvidos na fraude de mais de R$ 40 milhões, o ex-secretário de Planejamento do Estado, Ariosto Culau, prestou depoimento à CPI do Detran na noite de ontem.

Em mais de quatro horas de depoimento, Culau falou sobre sua relação com Ferst, explicando detalhadamente que tipo de vínculo tinha com o empresário. Dentre as explicações, o ex-secretário afirmou que não era íntimo de Ferst, que sua amizade era oriunda do partido. E que não tinha informações sobre em que ramo Ferst trabalhava. Sua amizade seria, portanto, casual. Teriam se encontrado umas 10 ou 12 vezes. Casual como também foi o encontro no Shopping Total naquela noite.

Culau ainda deu inúmeras explicações, chorou, tomou água. Respondeu a uma verdadeira metralhadora de perguntas. E como sempre, reafirmou que foi vítima das circunstâncias. Que se pudesse voltar ao passado, não teria se encontrado com Ferst.
Mas o passado não volta atrás. E como conseqüência, Culau hoje é ex-secretário, derrubado por estar tomando “apenas um chopinho”.

Agora, de tudo que o ex-secretário falou a CPI ontem, uma frase poderia entrar para a história da política nacional:

- Posso não ter parecido honesto para alguns, mas sei que sou honesto.
Ora. Ora. Mas é claro. Como eu não tinha pensado nisto antes minha gente. Mais importante do que ser honesto, é parecer honesto.

É por estas e outras que o Brasil está deste jeito, com notícias a toda hora sobre desfalques, contravenções, desvios de dinheiro público. Muitos governantes, que deveriam defender nossos interesses, defendem os seus próprios. E parece que alguns políticos que mancham a história do país estão começando a serem pegos. Estariam eles deixando de “parecer honesto”?

É. Por esta eu não esperava. Antes de tudo, é preciso parecer honesto.

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